quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Psicólogos e Psicologia

Hoje, apresento-vos uma pequena entrevista que fiz à psicóloga Marina Catarino, licenciada em Psicologia há 8 anos, na qual podem ver o que se sente ao exercer a psicologia...


1-Sempre quis ser psicóloga? 
Não, durante algum tempo pensei ser professora de Geografia. Mas um dia em conversa com amigos sobre várias áreas profissionais interessantes a seguir, falou-se na Psicologia, comecei a interessar-me e a identificar-me cada vez mais com esta área e foi assim que decidi o que queria mesmo exercer profissionalmente.


2- O que é que a levou a estudar psicologia?
 Com o tempo fui-me apercebendo da importância que as relações e o comportamento humano tinham na minha vida. Sempre me interessei em perceber os comportamentos e apoiar quem necessitava. Para além disso, as pessoas mais próximas também me motivaram e apoiaram nesta decisão.
Acabei por decidir estudar Psicologia e correspondeu com o meu objectivo.


3- Há quanto tempo exerce a profissão?
Há 8 anos.


4- Ser psicóloga tem momentos bons e outros menos bons ao lidar com certos pacientes...alguma vez se sentiu tão afectada que pensou em mudar de profissão?
Tal como noutras profissões, esta profissão exige uma grande disponibilidade e equilíbrio emocional para podermos prestar o melhor serviço a quem nos procura. Para além disso, nem sempre o que desejamos para uma determinada situação, vai acontecer.
Os desafios são muitos e temos de estar preparados para todos os momentos, momentos de missão cumprida e momentos de frustração. O importante é sabermos que da nossa parte fizemos tudo o que nos foi possivel para apoiar as situações que nos surgem.
Sei que actualmente esta área está muito saturada no mercado, o que por vezes leva a algum desânimo, mas pessoalmente nunca pensei em mudar de profissão, pelo contrário, apesar das várias dificuldades sentidas, sempre me deu mais certeza da escolha profissional que fiz, e reagir aos muitos desafios que vão surgindo.


5- Nesta área.. alguma vez passou por alguma situação incómoda?
Nesta área, lidamos com assuntos muito pessoais e íntimos, temos acesso a informações e histórias de vida impressionantes…
Em algumas situações somos o único apoio dessas pessoas, e no que depender de nós temos o dever de prestar o melhor apoio possível. Mas por vezes, essas pessoas criam expectativas erradas sobre nós, e quando nos apercebemos desse facto, devemos trabalhar de imediato essa situação. Para além destas situações, poderão surgir outras situações incómodas, quando acompanhamos uma pessoa e temos que lidar com familiares ou pessoas próximas que sabemos que exercem influência negativa na mesma, são situações delicadas, mas que devemos intervir tendo em conta os meios possíveis e sem precipitações para não colocar em risco a pessoa que estamos a acompanhar.


6- Quer partilhar alguma história que a tenha marcado ao longo do seu percurso?
Existem muitas histórias que nos vão marcando por variadas razões. Nesta profissão temos acesso a informações muito pessoais, percebemos a força de muitas pessoas, que nos piores panoramas são verdadeiros heróis ou da dificuldade que outras pessoas sentem em resolver a sua situação e que simplesmente desistem.
Posso dar o exemplo de uma situação que me marcou, de um jovem que acompanhei após uma tentativa de suicídio. Desde pequeno que sofria de maus tratos por parte dos pais, até que chegou ao seu limite e decidiu por termo à vida. Ao longo do acompanhamento a luta foi grande para que o jovem entendesse que a vida podia ter sentido e que tinha direito a ela, este foi um caso de sucesso. Foi com orgulho que anos mais tarde este mesmo jovem me procurou no local de trabalho para me contar as boas novidades que surgiram na sua vida, encontrava-se a trabalhar, tinha a sua própria casa onde vivia com a namorada que conheceu nesse ano. Esta sua atitude foi recompensadora, reforçou uma vez mais que vale a pena continuar nesta profissão.


Como vemos, vale a pena lutar pelo que se gosta :)





                                                                                                     Carolina Carreira.